A comunicação interna em tempos de COVID-19
Nas últimas semanas dedicámos diversos artigos a refletir sobre a comunicação das empresas em tempos de crise COVID-19. Mas até agora concentrámo-nos na comunicação externa, tanto na tradicional como nas redes sociais, no cuidado da reputação e na correta transmissão dos valores de responsabilidade social corporativa.
Chegou a altura de nos focarmos um pouco na política de comunicação interna das organizações. Afinal de contas, ainda que alguns diretores insistam em negar a evidência, a correta comunicação com todos e com cada um dos trabalhadores é vital para a correta evolução de qualquer empresa. É necessária em cada organização, embora seja verdade que em grandes organizações ganha especial importância, já que não apenas o volume de informação (e as incógnitas associadas) são maiores, mas também porque abundam os rumores e as notícias não comprovadas.
De facto, o primeiro aspeto a melhorar na comunicação interna é exatamente o mesmo que na externa: a difusão de informação fiável e verificada. Há websites especializados em recursos humanos, que ousam até mesmo desenhar um plano para expor este tema, apesar da maioria dos seus pontos serem muitas vezes ditados pelo senso comum. Entre aspetos tão óbvios como “não deixar ninguém esquecido” na comunicação, não é demais, no entanto salientar que, apesar de usarmos meios telemáticos (às vezes não há outra solução), a comunicação entre chefias e colaboradores tem de ser direta (ou pelos menos, percebida como tal), fluída e capaz de ser bidirecional.
O que muda numa situação como a que estamos a viver é que a incerteza e medo dentro de uma empresa são maiores, da mesma forma que existe na sociedade no seu conjunto. Por conseguinte, poderão ser necessárias algumas medidas adicionais nas empresas de maior dimensão, como a criação de um comité de crise e a formação adequada de chefias intermédias que possam fazer de corrente de transmissão de toda a informação. Por exemplo, na comunicação do regresso ao trabalho presencial dos trabalhadores que possam ter estado em teletrabalho ou na retoma de determinadas tarefas de contacto com público.
Agora, mais do que nunca, qualquer colaborador tem que “sentir” é realmente importante para a empresa, e não apenas uma engrenagem, um meio para atingir um fim. Valores muitas vezes esquecidos como a empatia são mais necessários do que nunca. E se quiser realmente dar resposta às necessidades dos colaboradores, que em numa situação como a que vivemos se podem multiplicar, há que exercer uma escuta ativa mais intensa do que nunca. Às vezes as preocupações mais urgentes não são as que se explicitam verbalmente.