Análise das tendências da comunicação para 2020 (parte I)

A forma como comunicamos e reagimos em relação ao nosso contexto vai mudando. Ainda mais agora, com as transformações que as novas tecnologias estão a levar a cabo em rotinas do nosso dia-a-dia.

As marcas são plenamente conscientes deste vai-e-vem das tendências e, assim, é uma necessidade para todo o tipo de empresas estarem a par da evolução do mercado, com o objetivo de alinhar-se com o consumidor da melhor forma possível.

O ano passado publicámos uma série de 3 artigos sobre as tendências e o estado da comunicação em 2019. Posto isto, queremos renovar esse compromisso publicando o nosso prognóstico do que serão as tendências de 2020.

Um contexto sociopolítico, pelo menos, complexo

Se na primeira década do século XXI se viveu a explosão da internet e a catastrófica crise mundial económica de 2008, o seguinte ciclo foi à volta de todo o tipo de desafios que tanto a própria sociedade, como as marcas, irão enfrentar a partir do momento em que nos encontramos.

A polarização da política nos EUA, com o auge e medo das fake news é, talvez, um dos exemplos que mais se tem feito sentir. No entanto, a subida do populismo anda inegavelmente de mãos dadas com a luta de muitos cidadãos pelos seus direitos. Concretamente, 2019 foi um ano de crescimento da luta social, desde as ruas de Hong-Kong às portas da Casa Branca.
Muitos desses movimentos sociais são motivados pela e para a diversidade; seja racial, de género ou de ideologia. A sociedade exige respeito pelo meio ambiente e consumo ético, ameaçando as marcas com boicotes e pede ação pelas mudanças climáticas, e não apenas apoio institucional. As frentes desta nova guerra social estilhaçam e fragmentam uma sociedade cada vez mais polarizada e que não duvida se tiver de aplicar estas crenças aos seus hábitos de consumo.

Discursos mais disruptivos em 2020

No âmbito do exercício anterior, mantém-se a tendência de Brandalism, enquanto evolui do tipo de ações conhecidas como Impacting agents.

Entendemos Brandalism como as ações em que as marcas se apropriam de técnicas disruptivas para ganhar credibilidade e consumo. Consiste em subverter os códigos de marca. Poderíamos entender o termo como um ato de auto-vandalismo contra a própria marca, uma vez mais motivado pelo auge da contra-cultura e dos movimentos sociais vigentes.

Por outro lado, outra tendência que se normaliza é a tomada de consciência e ação do impacto. Não é apenas importante aceder à conversa sobre o tema da atualidade, mas também tomar uma posição. A sustentabilidade e a emergência climática situam-se no centro deste movimento, que ocupa uma grande parte da indústria.

Para exemplificar esta categoria, utilizamos o caso da IKEA, que optou por uma estratégia transversal por utilizar materiais recicláveis. A campanha “Last Straw” centrou-se no modelo das palhinhas de plástico, que já não se encontram nos restaurantes das suas lojas. Uma destas palhinhas (também conhecida como “a última palhinha” «Last Straw» em inglês) foi exposta num museu de design em Londres, sendo a cabeça de uma campanha muito particular.

Mensagens e tendências que evoluem

Satirizar temas da atualidade e utilizar o humor para divertir o cliente é uma estratégia muito poderosa para criar engagement e criar um vínculo com o target.

Esta tendência Playful estava presente no ano passado e podemos encontrar um exemplo muito divertido no último caso da Visible, uma operadora móvel da Verizon. Seguido de um erro no Twiter, onde confundiram “mensagens ilimitadas” com “massagens ilimitadas”, a marca montou uma série de stands onde ofereceu realmente uma massagem gratuita.

Outra das tendências que se estende para 2020 é a nostalgia. Converteu-se numa oportunidade para gerar uma conexão intergeracional e conectar com as marcas já existentes dos anos 80, trazendo história e cultura.

A Netflix e a Coca-cola colaboraram para algo mais que product placement na terceira temporada de “Stranger Things”. Aqui, a Coke-One, um exemplo não muito bem pensado para o ano de 1985, foi utilizado como referência, entrando depois numa campanha com produtos de edição limitada e experiências online e offline.

Concluindo esta primeira parte, mencionamos mais duas tendências que aparecem em 2020. O E-ntertainment e a Serielização. No primeiro, chamamos e-ntertainment à gamificação, ficção, interação e aplicação móvel, como é o caso do Kit Kat: Escape Library: um escape room digital para conectar com a geração Z.

Por último, como não falar da Serielização com a vigência atual das plataformas de streaming? Inspirando-se no formato série, passamos de Branded Content para Branded Entertainment. Um caso muito chamativo é o Matchday – Inside FC Barcelona, uma série de oito episódios que segue o dia-a-dia da equipa de futebol da Catalunha. Esta tendência converteu-se num storytelling pela forma como interagiu com a audiência e transmitiu os seus valores e a sua identidade.
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