Análise das tendências da comunicação para 2020 (parte II)
Continuamos com a nossa análise daquilo que está por vir neste ano 2020 no mundo do marketing digital, da comunicação e da publicidade. Na primeira parte, já falámos sobre as tendências da comunicação para 2020, o estado das coisas a nível sociocultural, assim como dos discursos mais populares.
Nesta segunda edição das tendências de comunicação, iremos continuar a falar sobre a atualidade das ferramentas, os canais mais disruptivos e as marcas que estão a criar mais ruído. Todos querem estar na frente das últimas tendências para alcançar maior reconhecimento do público e desejam que a plataforma pela qual transmitem as suas mensagens esteja em sintonia com o seu target.
Experiências imersivas e voice advertising
Conseguir que a ténue linha que separa o mundo digital e o offline se funda é um trabalho complicado, se o que se procura é o sucesso e transportar o consumidor para uma vivência sensorial única. O ambiente das tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada oferece uma alternativa a experiências diferentes.
Existem, no entanto, casos que vão além dos ecrãs: AirBnb e BBC Earth uniram forças para a campanha de celebração da série documental ‘Blue Planet II’. Organizou-se um concurso para que duas pessoas pudessem desfrutar de alguns dias da própria gravação do programa nas Bahamas (incluindo uma viagem num submarino).
Por outro lado, outra área da tecnologia muito em voga é a dos assistentes virtuais, inteligência artificial e alta-voz inteligentes. É óbvio que os anunciantes e as marcas procuram o seu lugar neste nicho. O futuro apresenta anúncios interativos, vinculados a micro-momentos, personalizados ao utilizador (graças a big data e à recolha de preferências), finalmente com um ponto lúdico e de entretenimento.
Três casos curiosos a assinalar:
- HBO/ Westworld: Juntamente com a Amazon Alexa, esta famosa série teve uma estratégia de gamificação onde fazia do utilizador um participante ativo através de uma experiência de voz chamada “The Maze”. Num jogo com mais de 11 mil linhas alternativas, o utilizador poderia “escolher a sua própria aventura”.
- Aigua de Ribes/ “A banda sonora dos Pirinéus”: uma campanha de sons da natureza para desfrutar no seu site e no Spotify, obtendo grandes resultados.
- Whiskas: esta marca de comida para gatos lançou um assistente digital próprio para que as crianças interajam com ele, como parte da campanha Feed Curiosity e para manter o vínculo maior entre estes animais e os seus donos, a curiosidade.
O vertiginoso mundo dos memes e da ubiquidade dos influencers
O mundo da comunicação digital cunhou outro novo termo: a memeficação. A linguagem da internet incorpora-se na cultura popular e estas novas linguagens e códigos tornam-se indispensáveis para que as marcas se conectem às audiências mais jovens.
Um bom exemplo desta categoria é a Pedigree. A marca para animais de estimação criou o SelfieStix, um aparelho de plástico para segurar a guloseima dos cães em frente ao telemóvel para que os donos possam, finalmente, tirar selfies com os seus amigos de quatro patas.
Abrem-se novos caminhos no marketing no que toca à área dos influencers. Em primeiro lugar, a influência pela influência já não é tão interessante e abre-se espaço para influencers com menos seguidores mas com conhecimento em determinado nicho, os nano-influencers. Esta estratégia é mais apelativa quando vai de mão dada com o fenómeno dos challenges: o poder de prescrição para mudar o mundo com um foco mais positivo e responsável.
Por outro lado, falámos dos influencers virtuais e, nesta área de transformação e vidas online, encontramos mais exemplos de vidas idílicas que, ainda que pareça contra-intuitivo, tratam de humanizar as marcas. Como caso mais sugestivo, indicamos o de Lil Miquela, um avatar virtual, que conta com 1,9 milhões de seguidores no Instagram e que foi reconhecido, segundo a revista Time, como uma das 25 pessoas mais influentes na internet em 2019.
Escuta social, “omnicanalidade” e hiper-focalização
Por último, paramos para analisar um velho (e sempre presente) aliado do marketing digital: a escuta social, ou o que chamamos de “aprender com o consumidor”. Saber, em tempo real, o que o nosso target diz é fantástico, especialmente agora que o podemos seguir em todos os canais com maior facilidade, devido a big data. No final podem surgir conteúdos personalizados para o utilizador, através mecanismos de automatização.
Por exemplo, no caso do social listening, o IKEA descobriu uma referência no Twitter de Arkano, um rapper espanhol. Daqui surgiu um desafio da marca para fazer uma rima com Ektorp, um dos sofás mais vendidos do IKEA. Com esta ação conseguiu o maior número de vendas em Espanha entre os jovens de 18 a 24 anos e um crescimento deste segmento de 34% em volume de clientes.
Evidentemente, toda a informação recolhida sobre o comportamento do utilizador pode servir para criar campanhas hiper-personalizadas, com ferramentas de big data e inteligência artificial, que são cada vez mais indispensáveis.
É o caso de novas propostas, como a aliança entre Hyundai y Movistar+. Dividiu-se o público do canal #o em três segmentos, para lhes oferecer três tipos de veículos que melhor se ajustassem às preferências desta parte da audiência. A marca reconhece que esta ação poderia representar para si mais 30% da atenção por parte do telespectador, já que se tratava de um conteúdo que ia ser mais relevante para cada grupo.