Análise das tendências da comunicação para 2020 (parte III)
Arrancamos hoje com a última análise das nossas propostas de tendências de comunicação para este ano de 2020 (não te esqueças de ver tanto a primeira análise, como a segunda análise). A nossa análise do mercado da comunicação e dos discursos, canais e ferramentas mais disruptivas.
Hoje cabe-nos fechar este capítulo com um olhar particular sobre quatro setores poderosos em marcas e nomes. São eles: as companhias aéreas, o lifestyle e retail, o setor energético e a saúde.
Diversidade e tecnologia para o retail
A diversidade expressada em todos os seus aspetos (idade, raça, sexo, orientação sexual, formas, etc…) tem que estar refletida na comunicação para o retail. A esta máxima, que há muito tempo se eleva, une-se outra habitual: a tecnologia. As possibilidades para os pontos de venda disparam: ecrãs de publicidade personalizada através de sensores, ecrãs tácteis que amplificam a informação, código QR, Hologramas, e-cash…
Encontramos um exemplo muito interessante da Gillette, que fez um spot publicitário sobre um pai a ajudar o seu filho adolescente transgénero a fazer barba pela primeira vez. Defender a diversidade e a inclusão é uma aposta para a conexão com as novas gerações. E arriscar-se por uns valores e princípios que podem não agradar a todos.
Outro claro exemplo desta temática foi a introdução de modelos plus size numa loja da Nike, em Londres, em junho de 2019. Teve um grande efeito nas redes sociais, precisamente por apoiar as mulheres atletas no seu desenvolvimento.
Responsabilidade ambiental das companhias aéreas
Movimentos sociais contra a mudança climática forçaram o setor das companhias aéreas a tomar medidas para atenuar a ideia de que voar num avião é um ato de irresponsabilidade.
Como exemplo deste tema encontramos o caso da KLM, que lançou uma campanha chamada “ voa com responsabilidade”, onde incentivava os utilizadores a voar menos ou a comprar compensações de carbono. Aumentar a visibilidade e responsabilizar-se pela emergência climática devolveu à KLM boas críticas e um incremento de posições no índice de sustentabilidade da Dow Jones.
Outra barreira ou luta social do nosso tempo é a rutura de barreiras na desigualdade de género.
A Delta Airlines levou 120 raparigas entre os 12 e 18 anos (num voo pilotado inteiramente por mulheres) até às oficinas centrais da NASA, em Houston, para celebrar a sua campanha anual “Women inspiring our next generation”. 7,4% dos novos pilotos contratados foram mulheres.
Transparência e compromisso, desafios para as energéticas
As novas tecnologias, como a internet das coisas e a inteligência artificial, permitem que cada utilizador saiba em cada momento que quantidade de energia consumiu na sua casa. Tomar consciência da poupança, comprometer-se e agir pela mudança não são apenas responsabilidades de alguns, mas sim de todos, incluindo das companhias.
Não é um esforço de uma companhia energética, mas a Budweiser assumiu o compromisso de se converter numa empresa mais sustentável até 2025 em todas as suas mensagens de 2019. A marca de cerveja norte-americana decidiu utilizar apenas energia renovável para a elaboração dos seus produtos, uma medida que necessitará de vários anos de transição até 2025.
Outro exemplo, é o da Shell, Rockstart, YES! Delft e Get in the Ring. Todas elas chegaram à conclusão de que uma transição energética significava que só se podia realizar com uma inovação revolucionária e com tecnologias integradas que fossem efetivas, escaláveis e rentáveis. É por isso que criaram o “New Energy Challenge 2019” para encontrar empresas jovens que os pudessem acompanhar numa transição energética com sucesso e com propostas inovadoras, mas realistas.
Ferramentas digitais para a saúde
Os hospitais têm ao seu alcance formas de realizar visitas virtuais, mais ainda com a crise do COVID-19. Os hospitais tem de preparar novos espaços onde os médicos possam realizar estas consultas com a máxima tecnologia. Dentro deste cenário, as pessoas expressaram interesse pelas tecnologias que aproveitam a robótica, a inteligência artificial e big data para a atenção da saúde, atenção preventiva, monitorização e o cuidado.
Da mesma forma, o uso de ferramentas digitais no campo da saúde continua a aumentar. Por um lado, temos aquelas que comparam preços, médicos e hospitais. Por outro, há tecnologias que estão a permitir novas formas de diagnosticar, monitorizar e administrar aos pacientes o seu tratamento.
Vejamos um exemplo na campanha “Call For Help”, que utilizou dados em tempo real para demonstrar o número de chamadas diárias atendidas pela Calm (Associação para a Prevenção de Suicídio Masculino). A imitar um telemóvel, os muppies interactivos ativavam-se através de ecrãs digitais em Londres, Manchester e Birmingham. Ao ligarem-se ao vivo à linha de ajuda gratuita e anónima da Calm, fizeram-nos ter uma ideia das chamadas recebidas em tempo real, mostrando-nos quantas pessoas se abrem e recebem apoio todos os dias.
O objetivo era o de procurar eliminar o estigma que existe sobre as pessoas que pensam em pedir ajuda por causa do suicídio, enquanto incentivava a outras a visitar o website da organização de caridade e a aprender como podem garantir que nenhuma chamada fica sem resposta.