Campanhas que se adaptam às épocas de crise (parte II)

Vale a pena continuar à procura de exemplos de empresas que conseguiram encontrar a forma correta de comunicar no atual contexto em que estamos a viver. A epidemia COVID-19 está a ser uma época marcante nas nossas vidas, e, quando saímos à rua, adotamos todas as precauções baseadas no uso de equipamentos de proteção e mantendo o distanciamento social. Não é um equilíbrio fácil de encontrar, já que pode cair-se no erro de alguma ação ou mensagem ser vista como oportunismo, independentemente da sua intenção.

Tudo o que define uma marca, para além da sua visão, missão e valores, é válido na hora de comunicar. Porque não começar pelo logótipo? Não existe elemento mais relacionado com a marca no imaginário coletivo. Isso foi o que diversas marcas automóveis fizeram. Por exemplo, a Audi brincou, como se pode ver neste anúncio publicado no seu perfil de twitter, com os seus famosos anéis e com o conceito de distanciamento social.

 

A marca Volkswagen usou exatamente com a mesma ideia, num vídeo promocional que publicou no seu canal de YouTube. No seu caso, o “V” e o “W”, que formam parte do seu logótipo, separam-se no final do vídeo. A título de curiosidade, e para os amantes do design gráfico, não são os logótipos que se utilizaram durante a crise. O designer esloveno Jure Tovrljan modificou, de forma original, os logos de 12 marcas conhecidas, adaptando-os à situação criada pelo coronavírus SARS-CoV-2. Num dos casos brincou, como em exemplos anteriores, com o conceito de distanciamento de vários elementos. Em outros casos, atreveu-se a modificar slogans que sempre nos pareceram intocáveis, como o mítico “Just Do It” da Nike, ou mesmo a introduzir novos elementos (como máscaras).

 

Do blog “La criatura creativa” trazem-nos um exemplo de ação publicitária que, sem entrar no “sério conceito” da responsabilidade social (ou talvez sim), fala do compromisso de uma marca com os seus clientes mais fiéis e do seu desejo de os ajudar. Falamos da iniciativa do Burger King, que tornou pública a receita de vários dos seus hambúrgueres para que os fãs da marca pudessem fazer em casa. A jogada era perfeita, já que estavam a autopromover-se, e ao mesmo tempo, as marcas dos seus ingredientes (para cada um deles indicavam uma marca, não o ingrediente genérico).

Outras marcas que, ao invés de dirigirem a sua solidariedade com o cliente final, fizeram-no para com os setores mais prejudicados da nossa economia na atual conjuntura: a restauração e os bares. A sua abertura tem vindo a ser gradual e sempre sujeita a dar “um passo atrás”. Os bares e pubs não podem aproveitar a possibilidade de cozinhar comida para entrega ao domicílio, para não falar que estes são lugares de referência para estabelecer relações sociais.

É o que fez, por exemplo, a marca de cerveja Budweiser na Grã-Bretanha, criando Vales-presente com compra antecipada de uma bebida para ser consumida no pub de sempre, quando for possível. Em Espanha, várias marcas se mostraram solidárias para com a situação dos bares. Por exemplo, sem abandonar o mundo das cervejas, a Heineken Espanha criou o hashtag #FuerzaBar, que utilizou nas redes sociais para ajudar o setor hoteleiro, além de ter anunciado a entrega de mais de 15 milhões de cervejas grátis das suas marcas. Resta-nos apenas dizer: Saúde!