Modelos de subscrição nos meios de comunicação e nas…redes sociais?
Há muito tempo que “namoramos” o tema… Os modelos de subscrição para se ter acesso a parte ou toda a informação dos meios de comunicação começam a ganhar vida e estão a ganhar novos terrenos.
Isto pode ser observado pelos leitores dos vários meios de comunicação regionais do Grupo Vocento, durante os últimos meses do El País e mais recentemente os visitantes do meio digital nativo El Confidencial.
Outros meios como o El Diario desde o seu início têm funcionado com o que podemos chamar um modelo freemium, ou seja, a totalidade dos conteúdos é gratuita mas os subscritores que pagam um determinado montante têm direito a alguns serviços adicionais, tais como aceder antes a determinadas notícias ou o direito de comentá-las. Em Xataka, muito recentemente, elaboraram uma comparação interessante com diversas opções que encontramos ao nos depararmos com as paywalls da imprensa digital espanhola.
No caso da imprensa como referimos inicialmente, o “namoriscar” tem sido contínuo e, à exceção dos que nasceram na internet, muitos meios de comunicação começaram com a venda do formato em papel. A pergunta realmente interessante é se as redes sociais e negócios provenientes da internet (nascidos numa altura em que se vive uma onda cultural gigante e gratuita), poderiam fazer um movimento deste tipo.
Se falarmos do Twitter o movimento poderia vir da mão do desespero. Estamos a falar de uma empresa que sempre teve dificuldade em tornar o seu produto rentável. Ao contrário do Facebook, que apesar de ser o centro de vários escândalos e de ter sofrido boicotes dos anunciantes, não abandona o caminho dos lucros. A rede social do passarinho, por outro lado, entrou em números verdes pela primeira vez em 2019, mas este ano o aumento dos custos devolveu-os às perdas. Os problemas multiplicam-se, pois é altamente improvável que o Twitter continue a crescer no número de utilizadores ativos, embora durante a atual crise do COVID-19 o tenha feito e parece ter encontrado novos utilizadores de nicho na Índia e no Sudeste Asiático. Mas este crescimento pode ser circunstancial numa altura em que os utilizadores da Internet estão a exigir muita informação e o Twitter tem trabalhado arduamente para a fornecer.
Não é a primeira vez que ouvimos falar de um “Twitter pago”, e desta vez os rumores soam mais alto, ainda que a sua base fosse na origem simplesmente uma oferta de emprego através da qual engenheiros eram recrutados para trabalhar numa plataforma pago que se chamaria Griphon.
We’re also in early stages of exploring add’l potential revenue products that complement our advertising business, which may include subscriptions & others. It is very early; we do not expect any revenue against these in 2020. $TWTR
— Twitter Investor Relations (@TwitterIR) July 23, 2020
Finalmente, o próprio CEO do Twitter, Jack Dorsey confirmou que onde há fumo há fogo: sim, estão a trabalhar em novas formas de obtenção de lucros, para além da publicidade, e estão a explorar as possibilidades que os modelos de subscrição podem oferecer. Neste artigo da Engadget especulam que poderia ser uma versão da rede social sem publicidade. Pode também servir de serviços adicionais para marcas e empresas; é ainda difícil de antever com a informação disponível.
Depois disto surgem mais questões: estaria o utilizador normal do Twitter disposto a pagar por uma versão premium da ferramenta? Poderia esta decisão ser alargada a outras redes sociais como o Facebook ou o TikTok? Muito provavelmente, quando o Twitter começar a dar passos nessa direção, fa-lo-á em primeira instância nos países anglo-saxónicos e mesmo em nichos específicos. Vamos tomar notas a partir daqui.