O verdadeiro problema das ferramentas de Social Media é…
Tenho uma ideia na cabeça há alguns dias. Vivemos em Portugal e lemos ou recebemos informação sobre como, por exemplo, utilizar ferramentas de Social Media para isto ou para aquilo… baseado, principalmente, em informação escrita nos Estados Unidos. E acredito, aliás sei, que somos muito diferentes.
O verdadeiro problema das ferramentas de Social Media é querer aplicá-las como os outros que vivem numa sociedade diferente e com costumes muito diferentes. E ou fazemos mal, ou fazemos em excesso ou sem a adaptação necessária.
Vejamos o problema dos hashtag que mencionava o Sérgio Cortina há alguns meses no blog Tinkle Espanha. É frequente ver tweets repletos de hashtags que pretendem ser graciosos (e não o são), mas que se convertem em indignas evidências de que, realmente, não há nada interessante a dizer. São mal utilizadas, excessivas, sem objetivo concreto, e sem saber para quem estamos a escrever.
Dizem que o Twitter Chat é o melhor para conseguir seguidores no Twitter? Não é bem assim pois este está organizado segundo os padrões americanos. Além disso, só conseguimos dezenas (isto se tiver sorte) de spammers que se aproveitam do nosso hashtag (desta vez sim, bem escolhido e útil) para promover os seus próprios sites. Bots, perfis que bombardeiam a sua conta. Será que em Portugal as pessoas são propensas a participar num chat pelo Twitter?
Talvez se colocarmos uma pessoa muito famosa num chat de Twitter possamos convocar centenas de pessoas, mas em outros contextos esta funcionalidade ainda está a dar os primeiros passos. Não temos a mesma predisposição que os americanos para isso. Tenho a sensação de que Portugal concretamente vai à deriva, a reboque de outros países (USA principalmente) e que não parecemos ter a capacidade de ver como são as pessoas que vivem no país. De que nos vale ter uma comunidade endogâmica, que não chega à realidade do dia-a-dia?
Podemos sobreviver num minimundo no qual só nos relacionamos com quem conhecemos, no qual debatemos sempre como conseguir mais seguidores, clientes, leituras, benefícios,… mas no qual nos perguntamos o que precisa essa pessoa que tenho ao lado, e como o posso proporcionar? Vamos demorar muito tempo a separar o mundo físico do mundo online, quando são o mesmo mundo?
O verdadeiro problema das ferramentas de Social Media somos nós, que não deixamos de observar as ferramentas, e de procurar mais, mas muitas vezes não somos capazes de ouvir quem temos ao lado. E quem diz ouvir, diz ler com atenção o que exigem os nossos clientes.
Foto | Cambodia4kids